Curso “Sobre a condição humana”

SOBRE O CURSO

Um dos maiores representantes do Humanismo, Jean-Paul Sartre tem uma história que se confunde com os acontecimentos e contradições que marcaram o século XX. Possivelmente o intelectual mais popular de sua geração, Sartre participou ativamente de seu tempo: concebeu várias peças teatrais, escreveu romances e artigos de jornais, bem como produziu uma vasta obra filosófica. Participou de todos os importantes acontecimentos do século passado: defendeu o marxismo e depois se tornou um crítico contundente de Stalin, alegrou-se com a Revolução Cubana, mas alertou para os desafios a serem enfrentados por Cuba, defendeu a independência da Argélia contra a França, participou do debate público sobre os Estados Unidos no Vietnã, refletiu sobre o surgimento da China no cenário internacional e posicionou-se constantemente sobre a relação da Europa com os países do terceiro mundo. Encarnava como poucos a cultura francesa, a despeito de se reconhecer como um opositor aos rumos que a República francesa tomou.

Se a sua história não fosse um indicativo suficiente, Sartre dedicou sua obra a pensar este ser que é avesso a determinações prévias e inadequado a previsões minimamente confiáveis: o ser humano. Desde seu primeiro livro, A Transcendência do Ego, trabalho fortemente influenciado pela Fenomenologia, até sua última obra, O Idiota da Família, dedicado ao escritor francês Flaubert, Sartre constituiu a condição humana como um fio condutor de seu pensamento.

No curso, analisaremos sua descrição da condição humana, distinguindo-a da mera materialidade e a afastando de qualquer modelo determinista. O que veremos é a revelação do humano enquanto liberdade. Discutiremos seus traços marcantes como a ação, a tentativa de fuga do peso da liberdade, a angústia ao descobrir a responsabilidade e a vivência com as outras pessoas.

Nos beneficiando da singularidade de Sartre ser, ao mesmo tempo, um filósofo e um escritor, abordaremos a aventura humana através dos romances, contos e peças teatrais, dramaturgia esta que fez com que ele ganhasse (e recusasse) o prêmio Nobel de literatura de 1964.

Em um segundo momento do curso, aprofundando este caminho de estudo da condição humana, uma gama de autores surgirá, ora ampliando a perspectiva sartriana, ora se opondo e oferendo alternativas ao existencialismo. No curso, discutiremos autores como Merleau-Ponty, Albert Camus, Hannah Arendt e Simone de Beauvoir.

O curso, deste modo, será constituído por duas linhas estruturais: uma de aprofundamento na realidade humana segundo Sartre e outra panorâmica, ao visitar outras abordagens. Tal movimento visa estabelecer um cenário capaz de promover uma ampla visão do acontecimento humano e, assim, compor uma melhor compreensão do nosso tempo e de nós mesmos.

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