O curso se inicia em Agosto. Para maiores informações, na página do CCE.

Michel Foucault se notabilizou como um pensador dos discursos e dos poderes. Seus estudos sobre a loucura, as ciências humanas e as instituições o tornaram o filósofo mais conhecido da segunda metade do século XX. Contudo, a partir da metade dos Anos 70, Foucault realizou uma inesperada virada em seu pensamento. Com o primeiro volume da História da Sexualidade, em 1976, Foucault passou a se dedicar ao estudo do sujeito.

Crítico de toda uma tradição humanista – basta lembrarmos do final do livro As palavras e as coisas, quando indicou que o homem era uma invenção recente e, possivelmente, de fim próximo –, Foucault surpreende ao retornar à questão do sujeito. O que será profundamente rico nesta virada é o fato da forma com que o filósofo francês retoma o tema. Questionando toda uma tradição racionalista, Foucault não se interessará especificamente pelo sujeito em si, mas – e isso transformará todo o trabalho filosófico – na relação do sujeito com a verdade. Dito de outro modo, o que importará serão as relações instituídas entre um portar-se no mundo e a valoração presente na cultura. A obra que explicita este movimento é Hermenêutica do Sujeito, que reúne suas aulas no Collège de France de 1981 a 1982.

Foucault oporá a antiguidade clássica e seu predomínio de um cuidado de si à toda modernidade e sua exacerbação do conhecimento, designada pelo autor como momento cartesiano. Temas como exercícios espirituais, a figura do mestre, exame de consciência e a escuta, antes renegados aos estudos místicos, retornam à filosofia com rigor, permitindo uma outra abordagem de nossa própria história ocidental.

Esta mudança de perspectiva sobre a antiguidade, apoiada em estudos helenísticos como os de Pierre Hadot, atingem a nossa própria compreensão da contemporaneidade. Comumente tida como o ápice de um longo processo, cujo o homem figura como o epicentro de uma evolução, a partir de Foucault, é possível reconstruir nossa visão da realidade, encontrando no presente uma forma singular de primazia do conhecimento e marginalização do cuidado outrora vigente.

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