CURSO ATUAL

por Marcelo S. Norberto

Ignorância, Conhecimento, Liberdade e Destino: uma introdução filosófica

Este curso online, em parceria com o Instituto de Psicologia e Arte (IPA), debate 4 temas centrais da contemporaneidade: a ignorância, o conhecimento, a liberdade e o destino. Em cada tema, estudaremos um pensamento: o de Michel Foucault, o de Friedrich Nietzsche, o de Jean-Paul Sartre e o de Simone de Beauvoir. Junto com esta abordagem, será utilizado um texto literário como campo de discussão das idéias apresentadas: o diálogo Alcibíades (Platão), o conto Funes, o memorioso (Jorge Luis Borges), a peça As Moscas (Jean-Paul Sartre) e o romance O estrangeiro (Albert Camus). Não é necessária qualquer formação prévia para participar do curso.

CARGA HORÁRIA

30 horas
15 encontros semanais ao vivo
Plataforma Zoom
Com disponibilidade das gravações das aulas

Dia da semana: Quartas-Feiras
Horário: de 19h00 às 21h00
Duração: de 06 de Março a 26 de Junho de 2024
Valor: 4 parcelas de R$ 300,00.

Pré-venda: 4 parcelas de R$ 250,00. (até 18 de Fevereiro)

Fornecimento de certificado de conclusão do curso

SOBRE O CURSO

O objetivo do curso é mostrar como a filosofia é capaz de refletir sobre a contemporaneidade, ao mesmo tempo em que descreve a condição humana na história. Além disso, o curso visa fornecer instrumentos teóricos para que os participantes tenham uma apresentação de 4 autores fundamentais de nosso tempo, capacitando cada participante a ler e a discutir suas obras autonomamente. O curso é voltado para o público em geral, sem exigência de qualquer formação ou conhecimento prévio. Esta introdução ao pensamento filosófico será feito em 15 encontros online e ao vivo, de 2 horas de duração cada, com a disponibilidade das gravações de cada encontro, através da Plataforma Zoom.

Estrutura do Curso

O primeiro tema do curso será a ignorância. Vista como o inimigo a ser combatido, a falha a ser superada, a partir de uma leitura do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), em A Hermenêutica do Sujeito (1981-1982), a ignorância é entendida como o ponto de partida de qualquer reflexão filosófica. Foucault se voltará para a Antiguidade Clássica, mais especificamente para a figura inaugural de Sócrates, e mostrará como toda uma cultura antiga buscou incentivar o reconhecimento do não-saber como forma de sabedoria, como um modo distinto de constituição do sujeito. A ignorância está na base da noção fundamental da antiguidade: o cuidado de si. Será justamente através de práticas como a escuta, a partir de exercícios como o exame de consciência e com técnica de discurso que os antigos verão na ignorância o ponto capital para se saber portar no mundo, trazendo com isso as dimensões de ética e de política para a vida comum dos cidadãos. Através do diálogo escrito por Platão, intitulado Alcibíades, será possível entrever a intensidade deste olhar sobre a vida antiga.

O segundo tema a ser discutido no curso será o conhecimento. É impossível pretender descrever nossa cultura contemporânea sem um estudo do conhecimento. Poucas épocas na história o conhecimento foi tão valorizado e incorporado nas regras que orientam a sociedade como em nosso tempo. Mas, junto com os benefícios desta centralidade do conhecimento, que pode ser percebido no avanço científico e no surgimento de novas tecnologias, um filósofo alemão, Friedrich Nietzsche (1844-1900), mostrará, em Genealogia da Moral, que, por trás desta evidente força do conhecimento, há, concomitantemente, um lado sombrio trazido por esta forma do viver. Ressentimento, culpa, inveja, possessividade: nossa cultura rompe com uma tradição antiga em que o humano se constituía em conjunto com a natureza para ver surgir uma outra forma de cultura, baseado na objetividade, na teleologia e na produção. A partir do conto do escritor argentino Jorge Luis Borges, Funes, o memorioso, vamos refletir sobre o conflito presente em nossa cultura: de um lado, a pujança do conhecimento que acelera o desenvolvimento, por outro, o vazio existencial que interdita a reflexão e o pensamento.

O terceiro tema será a liberdade. Em meio à Segunda Guerra Mundial, um filósofo francês, Jean-Paul Sartre (1905-1980), publicou sua grande obra, O Ser e o Nada (1943), em que a noção estrutural é o da liberdade. Sartre defenderá que o encontro do humano com a existência produzirá uma indeterminação insuperável: nem a vida é capaz de subjugar o ser humano, nem o sujeito é capaz de determinar a vida. Pensar a existência será partir justamente desta relação entre sujeito e mundo, entre projeto de ser e situação apresentada. Na peça As Moscas, sobre o mito grego de Orestes, a conjuntura da realidade e o peso de uma ação não determinada encontraram o sentido de uma vida e o peso da responsabilidade da escolha.

O quarto tema do curso será o destino. Se a tensão entre ignorância e conhecimento nos permitirá descrever melhor nosso tempo e nossa cultura, o embate entre liberdade e destino tornará possível um olhar crítico sobre a condição humana e seu lugar na existência. A autora relevante para este estudo será a filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986). Em seu livro O segundo Sexo (1949), marco do estudo feminista, articulando a fenomenologia com o materialismo histórico, ao estudar a condição da mulher na contemporaneidade, Simone de Beauvoir mostrará a importância de se pensar historicamente o ser humano. Adotar esta perspectiva significará aceitar a realidade como ela se apresenta, ou seja, o destino. Será apenas a partir deste acolhimento da vida que qualquer transformação será possível. Marco do romance no século XX, O Estrangeiro, de Albert Camus, se colocará como um campo privilegiado para a compreensão desta dinâmica entre ação e realidade, liberdade e destino, através da história de Meursault e seu assassinato de um árabe.

Destino e liberdade, conhecimento e ignorância. Quatro noções filosóficas, quatro pensadores contemporâneos (Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Friedrich Nietzsche e Michel Foucault), quatro obras literárias (O estrangeiro, As Moscas, Funes o memorioso e Alcibíades), um só projeto: apresentar a filosofia como um modo de pensar o humano inserido em seu tempo.

SOBRE O PROFESSOR

Marcelo S. Norberto, Doutor em Filosofia, é professor e pesquisador (CCE/PUC-Rio) e pesquisador pós-doc da Escola de Humanidades (PUCRS). Tem trabalhos publicados sobre Filosofia Francesa Contemporânea, com ênfase em Ética e Filosofia Política. Autor de “O drama da ambiguidade – a questão da moral em O ser e o nada” (Edições Loyola/2017), é co-organizador de “Sartre Hoje – 2Vol” (Editora Fi/2017), “Sartre e a política” (Editora PUC-Rio e Via Verita/2019), “Sartre e a Estética” (Editora PUC-Rio e Numa Editora/2021) e “Sartre e a Ética” (Editora PUC-Rio e Numa Editora/2022). Coordena também a coleção luso-brasileira “Fenomenologia e Cultura” (Nau Editora, Editora PUC-Rio, Documenta PT). Também é um dos coordenadores do Curso de Formação em Psicologia Existencial do IPA/RJ e do Ciclo de encontros Internacional “Subjetividade e Cultura” (PUCRS).

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