O curso, em parceria com o Instituto de Psicologia e Arte (IPA), é voltado para pessoas interessadas em filosofia (não é necessário conhecimento prévio do tema nem formação na área). No curso, estudaremos a noção de verdade no pensamento do filósofo francês Michel Foucault. Figura proeminente na segunda metade do séc. XX, Foucault dedicou boa tarde de sua obra a pensar as consequências da verdade na cultura ocidental. Trataremos de dois pontos fundamentais: a verdade em relação ao discurso e à constituição de si.
CARGA HORÁRIA
15 encontros semanais
Quartas-feiras, das 20h às 22h
Total de horas: 30h (15 aulas)
Dia da semana: terças-feiras
SOBRE O CURSO
O tema da verdade está presente em toda nossa vida cotidiana. Dos tribunais ao debate político, das regras que organizam as cidades até a educação que recebemos e repassamos aos nossos filhos, tudo gira em torno deste princípio. E, apesar desta onipresença, nada mais difícil do que dizer a verdade, do que dizer o que é verdade.
Neste curso, recorreremos à obra de Michel Foucault para debatermos este curioso impulso humano pela verdade. A verdade, para Foucault, não é um valor universal e atemporal, mas um acontecimento, uma teia de forças que produz um valor circunstancial e poderoso.
Em A Ordem do Discurso (1970), Foucault tratará da verdade nos discursos. A questão será posta da seguinte forma: quando eu falo, quando me pronuncio, meu enunciado já se encontra sob efeito de várias condicionantes. Há a limitação da linguagem (por exemplo, minha fala respeita regras de sintaxe, gramaticais, etc.), da cultura vigente (não era possível, por exemplo, para um medieval questionar a existência de Deus) ou mesmo da sociedade em que vivo (o empreendedorismo é um valor para uma sociedade capitalista). Poderíamos resumir da seguinte forma: ninguém pode dizer tudo, a qualquer momento, da forma que quiser. Existem regras, limitações, controles que definem um campo possível de atuação. Estudaremos as consequências deste mecanismo de produção de verdades.
Também discutiremos, tendo como base a obra A Hermenêutica do Sujeito (1982), as relações entre sujeito e verdade. Foucault, em um mergulho nos estudos da Antiguidade, proporá uma leitura sobre uma certa compreensão da verdade. Para ele, a Antiguidade concentrou todos os seus esforços para falar da verdade ligada à constituição de si. Para a tradição greco-romana, a verdade está diretamente relacionada ao cuidado de si. É a partir de uma prática de si, de um cuidado consigo mesmo que a verdade se faz presente. Enfim, a verdade estaria menos associada à pura aquisição de conhecimento e mais próxima de um ativo trabalho do sujeito.
OBJETIVO
O curso visa capacitar os participantes a terem uma visão crítica sobre a verdade, mostrando sua constituição histórica, seus perigos quando tomada como um valor universal e incitar a todos a pensarem novas formas de atuação em sociedade. Para tanto, estudaremos duas vertentes da verdade, presentes no pensamento de Foucault: o discurso e a constituição de si.
TÓPICOS DAS AULAS
- Apresentação do pensamento de Foucault
- A noção de verdade: origens e desenvolvimento
- Discurso: o que pode ser dito e como pode ser dito
- Verdade como jogos de poder (a relação entre saber e poder)
- Relação entre sujeito e verdade
- A verdade a partir do conhecimento e do cuidado de si
- A dimensão ética e política da verdade enquanto um portar-se no mundo
- Ação como uma verdade possível
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